quarta-feira, 9 de agosto de 2017

FALA AÍ BRASIL... JOÃO AYRES

O poeta comenta –

PENSAMENTO E POIESIS.

A partir do século cinco antes de cristo o discurso adquiria uma outra roupagem sendo direcionado para o seu conteúdo, a sua forma. O efeito mágico, a força do discurso mítico poderoso e de forte impacto era enfraquecida pela necessidade de encadeamentos lógicos
O pensamento ocidental se organiza em sentenças e na maioria das vezes as sentenças obedecem à sintaxe tradicional, representadas pelo sujeito, predicado e objeto

Importante salientar as nossas raízes pensantes como sendo gregas por excelência.

A predicação é fundamental nos moldes da racionalidade ocidental. É precisamente ela que garante a concretude do pensamento enquanto tal. Ela é projeto e também promessa de sentido na medida que na raiz significa apregoar, informar sobre.

O sujeito e objeto se tornam símbolos através da predicação.Toda e qualquer enunciação precisa da mediação deste elemento para existir enquanto tal.

O deslocamento de um eu penso colocado a partir da dúvida metódica cartesiana, próximo que estou do pensamento de Flusser, para um campo no qual esse eu é diluído apontando para uma região na qual pensamentos possam ocorrer independentemente num espiral infinita quando em dado momento um deles possa prevalecer sobre todos e desaparecer igualmente com todos, sugerindo um esvaziar da mente que também duvida de si novamente ao se deparar com o nada num estado por definição temporário.A dúvida primeira que remete ao movimento oposto ao do cogito.

A dúvida segunda que remete ao esvaziamento da mente onde nada é o que é e nem o que poderia ser.

Tanto o poeta quanto o filósofo voltam agora os olhos para esta clareira, para este caos que se insinua de forma lancinante.

Uma necessidade essencial nos leva a representar, está em nós é nossa essência, aquilo que garante o nosso estar-no-mundo.

Este ser aí traz do caos variedades, reflexões condenado que está a ser corruptível em palavras e imagens e chamar este caos e conversar.

Entendo que a raiz de nosso pensamento se encontra na physis, lá onde as derradeiras conexões nervosas desencontram-se de si mesmas.

Ao invés de um eu penso, teríamos um lugar no qual pensamentos ocorrem...

Roland Barthes aponta para o fato de que as linguagens orientais sugerem um interessante caminho em nível de apreensão deste estar aqui.

Tratarei desta questão oportunamente.

In Arte, Palavra e Pensamento João Ayres

mini-Biografia:

Poeta, ensaísta, romancista, compositor, cantor de samba,jazz e blues.
Parceiro e biógrafo de Delcio Carvalho.


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