terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

DEZ PERGUNTAS A... MACVILDO PEDRO BONDE

Agradecemos ao autor Macvildo Pedro Bonde pela disponibilidade em responder às nossas perguntas 
Podem acompanhar o autor neste link

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Acho que sou uma pessoa aberta a influências do mundo. Gosto de fazer pontes. Sou simples e de poucas falas. Como autor, sou ambicioso e cauteloso nas minhas abordagens. Sou um autor que trabalha afincadamente a palavra. Procuro entender à risca o campo onde piso. A literatura é um mundo lúdico. Gosto do trabalho na palavra.  

2 - O que o inspira?

Eu não vivo de inspiração. Olho para o trabalho como a força motriz. É isso que me move. Como disse Francis Ponge: “poesia é antes de mais uma questão de trabalho”. Contudo, tudo o que me rodeia serve de campo para as minhas reflexões como autor. Escrever é um acto de militância.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Não sei dizer. Seriam tabu em que sentido. Não falar de determinados assuntos? Agora tenho alguma dificuldade em escrever sobre o amor. É um tema interessante, mas ainda não vivi o suficiente para ter uma alma vibrando quando escrevo.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

As antologias são uma forma de dar a conhecer os autores quando ainda não se sentem confortáveis em dar o salto como autor autónomo. É um espaço de convívio entre diferentes formas de olhar a palavra. Eu tive a sorte de fazer parte de uma antologia com autores de língua portuguesa, em 2013. Para mim, serviu como catalisador para aquilo que viria a ser a minha afirmação como autor, hoje. Claro que na época ainda estava enviesado com a tristeza. Hoje a minha escrita apresenta uma alma menos tenebrosa.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Para a minha geração, as redes sociais servem como mais um espaço de divulgação dos nossos trabalhos. Aqui não há barreiras, todos os que fazem parte da nossa rede de amizade podem acompanhar o que estamos a desenvolver. As barreiras continentais desaparecem neste espaço virtual. Estamos em tempo real com o mundo. Os jornais e a televisão, os canais tradicionais não têm a mesma velocidade na difusão e informação dos nossos trabalhos. Os lançamentos dos meus livros tiveram grande interesse com a utilização desta plataforma. 

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Os conflitos são sempre um ponto negativo, pois deixamos de discutir a obra, o trabalho para descarrilarmos na pessoa que veicula a informação. O universo da escrita é extraordinário.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Nem sempre. Mas as polémicas tem por motivação dar a conhecer uma obra na sociedade. Mas para mim, esta não é a melhor forma a usar. Existem críticos de literatura para mostrarem os pontos positivos e negativos de uma obra. Hoje, as universidades fazem teses com obras de autores, porque temos de alimentar polémicas?

8 - Quais os projectos para o futuro?

Continuar a escrever poesia. Em paralelo vou dedicando algum tempo a literatura infantil, um campo difícil para mim. Quero ver se enquanto autor consigo escrever um ou dois livros desse género e rumar para a prosa. Mas, aí terei de ter mais arcaboiço para enfrentar centenas de páginas em branco. Na poesia conseguimos reduzir todo o nosso pensamento em poucas palavras.  

9 - Sugira um autor e um livro!

Pedro Pereira Lopes – o mundo iremos gaguejar de cor

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Como está a saúde da literatura contemporânea em Moçambique?
Acho que estamos a viver um bom momento. Há muitos jovens promissores, o que indica a continuidade de uma tradição literária. O tempo é um bom conselheiro. Ele vai por à prova essa esperança, de modo a deixar pontificar os mais audazes. Tanto na prosa como na poesia, encontramos uma juventude capaz de manter uma tradição estética com Knopfli à cabeça.


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